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  • Por Valéria de Oliveira

ARTIGO: Teatro essa coisa tão humana


O ato teatral como um todo possui um antes, um durante e um depois. E cada uma dessas fases se subdivide em outras tantas, formulando assim uma bateria de saberes que são necessários para domínio da linguagem. Mas, se acaso, não quisermos dominar nada, por princípios contemporâneos artísticos, necessitamos ao menos de uma base estruturante de saberes que nos permita construir uma linha experimental, que de conta de organizar aquilo que queremos mostrar como obra, como fruto de nossas inquietações.

Para tanto é necessário saber sobre qual suporte construo ou manifesto minhas inquietações, como as organizo como linguagem, para enfim colocá-las a público, para que de alguma maneira tanto a obra artística como o público tomem a experiência como teatro. Segundo Patrice Pavis o teatro é aquilo que acontece entre a obra de arte teatral e o público, é teatro aquilo que emerge da relação entre objeto artístico e público. Ou ainda, como disse Grotowski em seu Teatro Laboratório, o teatro é um gênero estético que nasce de dois Ensambles: o Ensamble dos atores e o Ensamble dos espectadores. Portanto, o teatro é um encontro de humanidades.

Definido isso de maneira assim breve, cabe dizer, que o teatro é das artes a que não precisará se preocupar jamais com sua extinção, haja vista, ser das artes a que opera necessariamente pelo contato humano, pela relação. Para que possa acontecer a coisa mais básica e antiga que define o teatro, que é o “jogo”, haverá sempre que existir a relação humana.

Dessa maneira, nós atores e atrizes que pertencemos ao Grupo Porto Cênico da cidade de Itajaí, que vivemos de maneira coletiva, na busca de uma relação de trabalho horizontal, nos entendemos por uma dinâmica que monta a seguinte tríade: produção artística / prática pedagógica / mediação artística. A práxis dessa tríade se dá por meio da construção e apresentações de espetáculos teatrais, cursos informais, oficinas de diversificadas temáticas e intervenção direta nas discussões artísticas, formativas e das políticas públicas que nos norteiam.

É a partir dessa estrutura que entendemos que tão importante quanto o fazer teatral é o fomento da prática pedagógica do teatro, a fim de construir suportes e discussões que proponham o fazer, o refletir e o criticar. Conhecer as regras, símbolos, métodos, vocabulários acerca do teatro são questões importantes, tanto para os que o fazem como para os que o desfrutam. Construir saberes sobre o teatro significa conhecer e definir territórios para poder compartilhá-los, numa relação de construir e desconstruir, de contaminar e ser contaminado. É sobretudo, se colocar frente a uma coisa tão humana e tão subversiva.

* A autora é atriz no grupo Porto Cênico, Docente na Universidade do Vale do Itajaí, possui uma trajetória de 26 anos como mulher de teatro..


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